quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Deputada Federal do PSOL Luciana Genro, defende intervenção federal no distrito federal

Em pronunciamento na tribuna da Câmara nesta quarta-feira, 24, a deputada federal Luciana Genro (PSOL/RS) registrou sua “indignação” com a situação que vive nossa capital federal. “Há um verdadeiro vazio de poder”, declarou a parlamentar, alegando que não há figura no atual governo do Distrito Federal com legitimidade para governar e lembrando que, embora não esteja acusado formalmente, é notório que o presidente da Câmara Legislativa, agora governador em exercício, Wilson Lima, faz parte do “esquema Arruda”.




Luciana entende que a intervenção federal se faz necessária em Brasília. “Intervenção que não perdure até o ano que vem”, disse, defendendo que as eleições distritais sejam antecipadas.



“É necessário que as investigações sejam aprofundadas, e que não apenas o governador Arruda vá para a cadeia, mas seu vice e todos aqueles que estão envolvidos nas falcatruas que envergonham o Brasil, nacional e internacionalmente, com nossa capital federal sendo manchete com grandes esquemas de corrupção. Os brasileiros não aguentam mais ver a elite política roubando impunemente! Arruda tem que ser apenas o primeiro, mas não único, corrupto preso!”



Entenda o caso



O governador interino do Distrito Federal, Paulo Octávio, renunciou na terça-feira, 23, ao cargo e também se desfiliou de seu partido (DEM). Desde então, assumiu a direção do DF o deputado Wilson Lima (PR), presidente da Câmara Legislativa e aliado do governador afastado José Roberto Arruda (sem partido). Paulo Octávio estava à frente do executivo do Estado desde 11 de fevereiro, quando, por decisão do STJ – Superior Tribunal de Justiça, Arruda foi preso, acusado de atrapalhar as investigações do esquema de arrecadação e pagamento de propina no DF, que envolve integrantes do executivo e da Câmara Distrital, inclusive ele e Paulo Octávio.



De acordo com Toninho, presidente do diretório do PSOL no Distrito Federal, a linha adotada pelo partido é a de que não basta só a prisão de Arruda. “Ele é apenas o chefe do esquema. Toda a rede que assaltou os cofres públicos e que está presente no Executivo e no Legislativo, tem que ter o mesmo tratamento”, afirma. Ele ressalta que as imagens gravadas e divulgadas evidenciam o crime e provam que ele era praticado de forma planejada. “A demora em se ter a decisão da Justiça não faz sentido, já há muitos elementos para que se possa agir imediatamente contra essa corrupção.” Toninho lembra que Arruda está preso por atrapalhar as investigações e não por ter sido flagrado roubando.



Na carta de renúncia que foi lida na Câmara Distrital no final da tarde de terça, Paulo Octávio afirmou que decidiu deixar o cargo por não ter apoio político suficiente para se sustentar no comando de Brasília. Após a renúncia, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que esse foi mais um sinal da falência das instituições no DF e que a intervenção é a única solução, ou seja, a indicação de um interventor pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a aprovação do Congresso, para governar o Estado. A Procuradoria-Geral da República pediu a intervenção federal ao STF no mesmo dia da prisão de Arruda.



Toninho afirma que o PSOL apoia a intervenção no DF. “É a forma de acabar com a roubalheira, tirar todos os corruptos dos postos-chave. No futuro, não importa se a decisão for pela realização de novas eleições ou pelo cumprimento do calendário eleitoral, o importante é que os poderes Executivo e Legislativo do Distrito Federal estejam saneados”, defende ele.



O presidente do diretório lembra ainda que assim que o escândalo de corrupção no DF eclodiu, o PSOL foi o primeiro a pedir o impeachment de Arruda. “Entretanto a Câmara Legislativa local negou, afirmando que um partido político não estava apto a isso, segundo as regras”, explica. A estratégia então foi partir para a mobilização dos militantes, da população e dos movimentos sociais, que resultou em ocupação da Câmara, vigília em frente às casas dos deputados envolvidos e manifestações no Palácio do Buriti e no STF, entre outros. “Apesar de haver um revolta muito grande, as pessoas não têm se envolvido muito nas atividades e é muito importante que haja um comprometimento. Nossa tarefa e continuar a motivá-las”, garante Toninho.

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